Artes Visuais

domingo, 13 de junho de 2010

Chorinho

Madrugada gelada, está relampeando ou a batucada continua? Dois tambores, uma cuíca, um tiro, doze copos vazios no balcão. O samba da minha terra deixa a gente mole, pode? Nesta idade eu ainda tropeçando que nem bebê? Pra que tanto muro, pergunta o meu coração, e aqui vou escorando na parede. Deixa eu passar, que o meu bloco vai seguindo atrás, todo mundo me ajuda no compasso.

Lá pelas tantas chego em frente a minha casa. A mulher deixa a luz acesa pra me receber. Ou é a lua que me dá o ar da graça? Porque não chove pra gente beber? Héim, dona lua? O portão rangendo, deixo sempre aberto pras minhas filhas entrarem, todo dia, toda noite volto assim. Eu estou por aí, tangendo meu bandolim.

A casa está no silêncio, cadê pessoal? Hoje não tem janta, não tem cama, não tem móveis. Podiam ter punhado um recado na porta, cadê? Escrito: não posso mais esperar, meu corpo cansou do frio, adeus. A nega levou tudo, o que era dela, o que era meu! Deixou pra trás só o nosso retrato. Nega, volta logo, que você também me esqueceu...

Um comentário:

  1. Nega, vc fez bem de ir embora! Esse homem/autor só ia te maltratar... rs
    Grande Tadeu!!!

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