Edward Hooper |
A pele-texto, um corpo-frase
pautado por vírgulas, conjunto hermético de difícil apreensão onde o olho
tateia gaguejante à procura de significado. Mas como ler o susto, qual maneira
o afeto pode ser abarcado desde a cama, entre o coito que ambaralha cores e idiomas
e toma céus desejos culpas anseios? Palavras só cascas abandonadas por
caranguejos-ermitões.
Quem de mim ou por mim ou aqui em
mim é responsável por esse desenho, esta constituição de cada coisa no lugar,
sendo que não há lugar algum? Os poros: milhões de abismos onde OUTRA
pele-texto tenta traduzir, sabendo de antemão - pelos pés lábios seios - que
algo sempre se perde na tradução. O que foi que me perdi?
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