esta cadeira, por
exemplo,
dura madeira no canto
da casa
falando com estalos
seu tronco linguístico
aparência feito
coisa, objeto sem luz própria
fibra de aroeira (sabe-se
osso menos nobre?)
foi filete, tábua,
fio em território posseiro
passou entre caminhos
de água e gente
este móvel, qual corpo
estável
fingindo duração nos incômodos
agora é toco manso,
amostra de matéria morta
folhas e linhas simétricas
nas setas do equilíbrio
cavalo fincando
quatro pés nos ângulos da pedra
tecida à cedro,
cerejeira (há de ser pinha, freixo)
aparente nicho da
carne em perda ou descanso
isto, que carrega o
arcano
sagrado de quem se
nega ao espelho
é ainda o mesmo
espírito queimando idioma indígena
xamã em trânsito por
encarnações do estranhamento
ser na beira de outras
fomes, alma a desfamiliarizar
formas de mostrar aos
mistérios domados nos olhos
a deusa bailarina que
anima os nomes da desordem
* este poema está impresso no programa do espetáculo A MACIEIRA
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