1
Estou sono-futuro no derradeiro
vagão (para começar) com minhas metafísicas
enlatadas em vagas invisíveis.
Riscos nos óculos embrulham
códigos de barra. O dia vem anunciado
nos falantes. Fones de ouvido
segregam e aliviam a validade da vida.
2
Isso são horas de hordas zumbirem
desassossegos? Cheiro de ódio e café
repetindo velhos ditos ecoam
marcha do horizonte corcel.
O azul desce em exército
anunciando ausências.
3
É apenas a própria voz no
oco das palavras.
Fulgor de flâmulas libidinosas
logomarcam ruas do google
em cadeias nacionalistas.
4
Treze negros mortos são só
mais treze cifras na conta
fantasma dos gritos de ordem:
grifos e fúrias famintas.
5
Noticias ultimatam o reflexo de meninas
vitrinadas em telas e listas:
a quem pertence um rosto?
6
Existir por túneis é resistência.
Alguém espera na próxima parada: deus é solidão.
7
Apanho o passado em flagrante.
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