Artes Visuais

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Selfies tiradas dentro de um sonho

Notas sobre o Rosto






Não vejo meu rosto em sonhos; nem sequer em um reflexo. Sou sempre, como na vigília, aquele que que está por trás do rosto. E, no entanto, sou também meu rosto. O rosto é um lugar utópico com o qual me apresento ao mundo, mas do qual não tenho conhecimento. 





O espelho só mostra o que eu procuro perceber. Um retrato é sempre registro do que fui anteriormente, nunca minha expressão presente.








Um rosto é um sistema muro branco – buraco negro, um projeto de identidade que se impõe sobre nossa face. Este É você, diz o rosto social. Se o homem tem um destino, esse será mais o de escapar ao rosto, desfazer o rosto e as rostificações, tornar-se imperceptível, tornar-se clandestino (Deleuze/ Guatarri).








Desconfigurar o rosto é tentativa de escape de tudo que previamente nos mascara com definições. 







Maquiar, plastificar, des-cara-cterizar: 
um rosto é um escândalo (Bataille).








Essas selfies são em construção, como só poderia ser um rosto em fuga, um rosto que escapa por meio das imagens de um “inconsciente-tecnológico.”






Expor estes anti-retratos é busca de suportes diferentes: impresso, projetado, virtualizado, colocado de pé em um objeto tridimensional.

Em que outros corpos cabem tais rostos?










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